sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Chupeta e Mamadeira


         Duas coisas que eu tinha certeza que não ia oferecer a minha filha quando estava grávida era chupeta e mamadeira. Achava, e ainda acho, a chupeta desnecessária e me preocupava que o posterior apego a ela pudesse dificultar a sua retirada quando chegasse a hora, além dos prejuízos causados a sua dentição. Quanto a mamadeira, não fazia o menor sentido usá-la uma vez que eu pretendia amamentar muito a minha filha. Em livre demanda, pelo tempo que ela quisesse. Em todo caso, só por precaução, compramos uma chupeta e uma mamadeira.
         
         Acontece que nem sempre as coisas saem conforme o planejado e ainda no hospital minha filha começou a tomar complemento. Ela tinha bastante força, tinha feito a pega da maneira correta, sugava direito, mas meu leite não saía. Já tinha lido bastante que às vezes o leite demora até alguns dias para descer, mas que o colostro é alimento suficiente para o bebê. No nosso caso, parecia que não estava sendo.
         
         Durante a gravidez fiz a preparação do seio, tomava sol, enfim, achava que não teria qualquer problema com a amamentação, exceto um pouco de dor e desconforto iniciais que eu sabia que era comum até nossa completa adaptação. Mas havia ainda um pequeno detalhe. Aos 16 anos eu fiz uma mamoplastia e embora na época o cirurgião tivesse dito que ela não afetaria em nada quando eu tivesse filhos e quisesse amamentar, pois os ductos mamários estavam intactos, não foi o que ocorreu.
         
         Mesmo oferecendo o complemento, eu queria amamentar. Achava que meu leite iria descer e que o complemento não seria mais necessário. O leite artificial favorecia as cólicas e a pequena chorava demais. Tanto que meu coração inexperiente achava que podia ter alguma coisa errada com ela. Alguma coisa que os médicos não tivessem diagnosticado nos exames no hospital. A verdade é que eu assisti muitos programas sobre parto e recém nascidos e “sabia” de muitas doenças que minha filha poderia ter (mãe geralmente pensa no pior).
         
         Depois de uma noite extremamente longa em que Manoela chorou o tempo todo, decidimos levá-la ao hospital. O médico, com uma tranqüilidade que no dia me pareceu descaso, nem a examinou. Com base em meus relatos disse que ela tinha cólica e passou um remédio. Claro que, naquela época, eu não iria confiar no diagnóstico de um médico que eu não conhecia, então pouco depois de sair do hospital, fomos ao consultório do pediatra. Claro que ele disse a mesma coisa que o outro médico (rs). Ele trocou o leite artificial e disse que deveríamos dar a CHUPETA, pois ela ajudaria a acalmar nossa filha nos momentos de cólica.
         
         Rapidamente a Manoela se apegou a chupeta. A mamadeira acabou sendo sua única forma de alimentação, pois depois de duas semanas tentando amamentar, indo ao banco de leite, tomando remédio para ver se o leite descia, recebi a triste orientação de não tentar mais amamentar, pois o esforço que ela fazia era muito grande e estava consumindo sua energia e ela iria perder peso. Além disso, eu não estava produzindo leite suficiente. Me convenci que era o melhor para ela e a partir desse dia ela só tomou leite artificial.
         
         Agora ela estava super apegada tanto à chupeta quanto a mamadeira. E assim foi até os seus 2 anos. Já estava preocupada com o momento em que ela fosse deixar os dois, pois eu previa muito sofrimento para ela. Ela só não usava a chupeta para ir à escola. Seus dentinhos estavam bem separados e achávamos que podia ser influência dos bicos. Esse era um assunto que me deixava tensa. MAS, como muitas surpresas acontecem, um dia, Manoela teve infecção na garganta. Fomos ao hospital e uma médica que não conhecíamos nos atendeu. A primeira pergunta que ela fez foi se a Manoela ainda usava chupeta e mamadeira. Quando respondemos que sim, ela disse que com 2 anos não havia mais necessidade de nenhum dos dois. Conversou com a Manoela, que prestava muita atenção em tudo que ela dizia, explicando que havia muitos bichinhos na mamadeira e na chupeta e que esses bichinhos fariam com que ela ficasse com mais dor de garganta. Como um passe de mágica, naquela noite ela não pediu a chupeta e tomou leite no copo. E assim foram todos os dias e noites desde então.
         
          Eu jamais poderia imaginar que uma criança de 2 anos teria tanta maturidade e seria tão decidida assim!!!

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