Eu,
que já sou apaixonada pela pedagogia Waldorf, adorei o artigo! Vale a pena
ler!!
Artigo publicado na Folha de São
Paulo em 29/10/2011 e no The New York Times em 22/10/2011.
Matt Richtel - Do "New York Times", Em Los
Altos, Califórnia
O vice-presidente de
tecnologia do eBay matriculou seus filhos em uma pequena escola de Los Altos. O
mesmo fizeram funcionários de gigantes do Vale do Silício como Google, Apple,
Yahoo! e Hewlett-Packard. Mas as principais ferramentas de ensino da escola nada
têm de tecnológico: caneta e papel, agulhas de tricô e, ocasionalmente, argila.
Nenhum computador à vista. Nenhuma tela. Nos EUA, as escolas correm para
equipar suas salas de aula com computadores, e muitas autoridades da educação
consideram insensato fazer o contrário.
Mas há um ponto de vista oposto no
epicentro da economia tecnológica, onde alguns pais e educadores difundem a
mensagem de que computadores e ensino não são boa mistura. Falo da Waldorf
School of the Peninsula, uma das 160 da rede que opera nos EUA sob uma
filosofia de ensino centrada na atividade física e aprendizado por meio de
tarefas práticas e criativas.
Os defensores dessa abordagem dizem que os
computadores inibem o pensamento criativo, a interação humana e a concentração.
O método Waldorf tem quase um século, mas a posição que estabeleceu aqui no
quartel-general da economia digital coloca em destaque um debate cada vez mais
intenso sobre o papel dos computadores na educação. "Rejeito frontalmente
o conceito de que é preciso assistência tecnológica para ensinar no primeiro
grau", disse Alan Eagle, 50, cujos filhos estudam no primeiro grau
Waldorf. "A ideia de que um aplicativo no iPad seja capaz de ensinar meus
filhos a ler ou fazer contas é ridícula." Eagle formou-se em ciência da computação
pelo Dartmouth College e trabalha no departamento de comunicação executiva do
Google, onde escreveu palestras para o presidente do conselho do grupo, Eric
Schmidt.
Ele usa um celular inteligente e um iPad. Mas sua filha, que começa a
quinta série, "não sabe como usar o Google", e seu filho começa a
aprender. (A escola permite os aparelhos a partir da oitava série.) Três
quartos dos alunos da escola têm pais conectados ao setor de tecnologia. Eagle,
como os demais pais, não vê contradição nisso. A tecnologia tem hora e lugar,
diz. "Se fosse da Miramax e produzisse bons filmes, mas só para maiores,
não quereria que meus filhos os vissem ainda na adolescência." Em uma
terça-feira recente, Andie Eagle e seus colegas de quinta série estavam relembrando
algumas técnicas de tricô; as agulhas de madeira se cruzavam por sobre os
novelos. A escola afirma que a atividade ajuda a desenvolver capacidade de
solução de problemas, reconhecimento de padrões, conhecimentos matemáticos e
coordenação motora. O objetivo neste período é fazer meias. Adiante, uma
professora ensinava multiplicação à terceira série e pediu que imaginassem que
seus corpos se transformaram em relâmpagos. Ela perguntou quanto é cinco vezes
quatro e as crianças responderam "20", estalando os dedos na direção
da resposta na lousa. Uma
sala repleta de calculadoras em forma humana.
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